Recentemente entrei numa fase de repassar os shows que já assisti nestes últimos 24 anos de fanatismo musical. São muitos. Devo inclusive preparar alguns posts sobre este assunto em breve.
Já vi de tudo e sinceramente, até a semana passada eu tinha apenas duas apresentações na minha lista de "Preciso ver antes de morrer". Eram a banda norte-americana Weezer e o inglês Morrissey.
Agora só falta o Weezer...
Pois neste último domingo tive a felicidade de assistir o show que "o maior inglês vivo" fez no Espaço das Américas em São Paulo.
Era um jogo ganho. Ingressos sold out e um público devoto numa espera ansiosa pelo messias. E eu ali no meio.
Adoro o Morrissey, mas ao contrário de grande parte de seus fãs e seguidores não posso dizer que ele tenha feito parte da minha adolescência. Aceitei os Smiths e depois Morrissey já em outra fase de minha vida, jovem ainda, mas com mais de 20 anos. Antes disso minha veia metal (felizmente enterrada junto com meus 15 anos) e hardcore / punk não me deixavam conhecer o mundo de melancolia declamado pelo inglês.
Mas estava bem ansioso. Eram 21:00 horas quando depois de um simpático "Olá Sampa!", a excelente "First Of The Gang To Die" deu início ao show. Elegante como de costume, Morrissey trouxe sua banda uniformizada de camisetas vermelhas com a frase "Assad is Shit" numa alusão ao ditator sírio que nem sei se todos entenderam e nem sei se fazia parte do contexto desta turnê brasileira (talvez Kassab is Shit fizesse...).
Enfim, o segundo som também foi matador (veja set list abaixo) e depois da belíssima "Alma Matters", aparece a primeira dos Smiths. É "Still Ill" do primeiro disco da banda. Acontece o óbvio e o público se acende mais. Fato é que as canções de sua antiga banda causaram mais impacto nos presentes. Na sequencia veio "Everyday is Like Sunday", um dos pontos altos do show(video abaixo).
Sua primeira troca de camisa acontece durante "Let me Kiss" e eu estou citando este fato aqui pelo seguinte. Numa troca posterior (foram 3 ou 4, não lembro), eu achei uma emblemática. Morrissey, o cara que sempre desejou ser o anti ídolo pop, que não não se vende, etc, nitidamente demonstra ter absoluta ciência de sua relevância. Em determinado momento, ele tira a camisa e cuidadosamente seca seu suor nela, meio que querendo embebedar aquele pano com o líquido de um mito, sabendo que quanto mais molhada estivesse o futuro souvenir, mais valor o fã daria ao mimo. Só depois deste pequeno ritual, ele joga a camisa para a platéia...
Outro momento bacana acontece durante "Meat is Murder". Durante toda a música o telão exibe um vídeo bem desconfortável, com animais sendo abatidos. Para quem não sabe, Morrissey, vegetariano desde criança, é um ativista pelos direitos dos animais. Ele não permite carnes nos ambientes onde vai tocar, além de não permitir que nenhum membro de sua equipe consuma bichos mortos.
Destaco também as clássicas, "There Is A Light That Never Goes Out" que incendiou o lugar, apesar de ter sido tocada numa versão mais lenta e "How Soon Is Now?", que ganhou uma interpretação quase teatral.
Quando Morrissey voltou para o bis enrolado na bandeira do Brasil, desfiz de vez a impressão que eu tinha de que o cara poderia ser distante e meio antipático para com seus fãs brasileiros. Pelo contrário, o venerado cantor mostrou respeito e se esforçou para dar uma grande apresentação.
Foi o melhor show da minha vida? Não.
Foi bom? Não.
Foi ótimo.
Abaixo o set list com a indicação da origem de cada música.
1) First Of The Gang To Die (solo - disco "You are the Quarry")
2) You Have Killed Me (solo - disco "Ringleader of Tormentors")
3) Black Cloud (solo - disco "Years of Refusal")
4) When Last I Spoke To Carol (solo - disco "Years of Refusal")
5) Alma Matters (solo - disco "Maladjusted")
6) Still Ill (Smiths - disco "The Smiths")
7) Everyday Is Like Sunday (solo - disco "Viva Hate")
8) Speedway (solo - disco "Vauxhall and I")
9) You're The One For Me, Fatty (solo - disco "Your Arsenal")
10) I Will See You In Far-Off Places (solo - disco "Ringleader of Tormentors")
11) Meat Is Murder (Smiths - disco "Meat is Murder")
12) Ouija Board, Ouija Board (solo - b side)
13) I Know It's Over (Smiths - disco "The Queen in Dead")
14) Let Me Kiss You (solo - disco "You are the Quarry")
15) There Is A Light That Never Goes Out (Smiths - disco "The Queen in Dead")
16) I'm Throwing My Arms Around Paris (solo - disco "Years of Refusal")
17) Please, Please, Please Let Me Get What I Want (Smiths - b side)
18) How Soon Is Now? (Smiths - disco "Meat is Murder")
Bis) One Day Goodbye Will Be Farewell (solo - disco "Years of Refusal")
Sandro
Ótimo post! Só me fez lamentar ainda mais por não ter ido... Ao contrário de você os Smiths marcou a minha fase adolescente, mas também gosto muito da fase solo do Morrissey.
ResponderExcluirEu estava esperando por este post...kkk Eu sabia que não ia faltar! Valeu! Beijos.
Karina
Excelente crítica!
ResponderExcluirObrigado Anônimo! Não sei se posso chamar de crítica, uma vez que não me considero um. Mas agradeço.
ResponderExcluirVolte mais vezes!
Um abraço!
Karina,
Eu logicamente sei que você gosta bastante mesmo. Obrigado por visitar e prestigiar o blog.
Beijos
Sandro