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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

1984 - O TEMÍVEL BIG BROTHER


Invasão de privacidade, manipulação de informações, acesso ao hábito de consumo, restrição a liberdade, câmeras de vigilância por toda a parte, países aliados que se transformam em inimigos e depois voltam a ser aliados, guerras sob a justificativa de garantir a paz.

Escrevo sobre o futuro? Sobre o presente? Não, o post de hoje é sobre um livro de ficção chamado "1984", escrito em 1948 pelo inglês George Orwell (pseudônimo de Eric Blair). Obra-prima considerada como uma das mais importantes do século XX.

É neste romance que conhecemos a figura do Big Brother (anos depois a Endemol iria popularizar o termo), como a representação maior do Estado. O símbolo do Estado que tudo vê.

No livro, o mundo está dividido em três grandes superestados que vivem em guerra permanente. Estes Estados são chamados de Eurásia, Lestásia e Oceania, sendo neste último o ambiente onde a história é contada. Este país é totalmente controlado pelo partido e a população é dividida em três classes sociais. Os membros do partido interno, que são a minoria e gozam de um padrão de vida diferenciado, os membros do partido externo, que trabalham para o governo em troca de um tratamento igualitário, mas muito penoso (racionamento de comida, energia, etc) e a prole, que vive na miséria e á margem da estrutura oficial do estado.

Na Oceania, as funções do governo são divididas por quatro ministérios. O Ministério da Fartura, responsável pelas atividades econômicas, o Ministério da Paz, responsável pelas guerras, o Ministério do Amor, responsável pela manutenção da lei e da ordem e o Ministério da Verdade, responsável pelas notícias, diversões, instruções e cultura.

Vemos também que o partido criou a novilíngua, um novo idioma que visa substituir o antigo, reduzindo significativamente o número de palavras disponíveis e eliminando qualquer palavra cujo significado possa exprimir uma opinião contrária ao regime. Por toda a parte, há imensos cartazes com os três lemas do partido: "GUERRA É PAZ" - "LIBERDADE É ESCRAVIDÃO" - "IGNORÃNCIA É FORÇA".

Conhecemos tudo isso na companhia do personagem principal do livro, Winston Smith, um funcionário público pertencente ao partido externo e que trabalha no Ministério da Verdade, na função de mudar os arquivos de acordo com as verdades do partido, tornando o passado compatível com o presente. Por exemplo, se a história conta que a Eurásia foi inimiga da Oceania no passado, estando os países em guerra por muitos anos, mas agora os dois são aliados em outra guerra contra a Lestásia, seu trabalho é trocar todos os arquivos com a informação de que a Eurásia sempre foi um estado amigo e parceiro.

Smith questiona seriamente este modelo, porém não sabe se seu pensamento é compartilhado por outros, já que a liberdade de expressão é proibida e qualquer ato que leve a mais simples suspeita de que a pessoa seja contra o governo acarreta em prisão e desaparecimento do cidadão (responsabilidade da polícia do pensamento). Para garantir esta situação, o Estado instalou as chamadas teletelas em todos os cômodos de todas as casas, assim com em todas repartições públicas e ruas. As teletelas vigiam as pessoas, captando a imagem e qualquer som emitido por elas. Além disso, as teletelas servem como tv para transmitir as mensagens do partido para a nação, que vão desde as novas leis e instruções em vigência até propagandas dos feitos do governo com números inflados que mostravam o sucesso do regime.

Winston Smith decide então escrever um diário, com papel comprado no mercado negro dos proles (porte de papel é crime) e escondido num canto de sua sala que por um erro na instalação da teletela, fica fora do campo de visão do governo. É através deste diário que acompanhamos a passagem de Smith da indiferença para a rebeldia e a decisão pelo confronto com o sistema estabelecido, contando com a ajuda de Julia, uma paixão proibida, mas igualmente inconformada.

Orwell (1903-1950) escreveu o livro como uma crítica ao regime comunista que estava em expansão á época, pois ele como em ex-socialista, não concordava com o modelo stalinista. Tal crítica é retratada de forma muito mais contundente em outro livro seu, o também clássico, "A Revolução dos Bichos", mas isso é assunto para outro post. O fato é que este futuro previsto por Orwell chegou e não está ligado somente a regimes comunistas.

Recomendo a leitura deste delicioso livro, que com uma narrativa que não é pesada, trata de um tema muito importante, que é nosso maior bem, a liberdade. Um assunto para refletirmos.
Para tentar traduzir um pouco isso, abaixo o trailer do filme de adaptação da obra, dirigido por Michael Radford. Não é um filme ruim e também vale a pena, mas o livro eu diria que é obrigatório.


Sandro

11 comentários:

  1. Oi Sandro!! Seu blog é MUITO bom!!!! Caramba, por onde andei esse tempo todo que nunca passei por aqui???
    Seguindo vc a partir de agora!
    Obrigada pela visita :)
    Bjs
    Alê

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  2. Um dos melhores livros que já lí...parabéns....

    Anselmo

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  3. Concordo com o Anselmo!
    Li 1984 na faculdade, fiquei impactada e confusa, depois pensei que Orwell fosse o Nostradamus do sec. XX. Mas o livro me deixou sem dormir por uns dias... será um dia chegaremos a esse ponto?
    No Brasil eu nao sei, mas por aqui eu tenho medo até de pensar alto, vai que em 5 minutos a CIA bate na minha porta lol.

    Otima dica, Sandro.
    Tenho até que reler esse livro, quem sabe hoje tenho uma visão diferente da história!

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  4. Olá! Obrigada pela visita!!
    Vi que vocês me seguiram no twitter e fiquei curiosa em saber quem eram, então, vim aqui. Achei o blog bem legal, com artigos interessantes. Já coloquei nos meus favoritos e virei uma seguidora.
    Sobre o livro, ainda não o li, mas já tinha ouvido falar. Fica como sugestão para uma leitura futura (agora estou meio que abarrotada de livros para ler...).

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  5. Olá pessoal!
    Que legal esse blog hein!!!
    Também vou passar por aqui mais vezes!!!

    Bjs

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  6. Oi, Sandro.

    Obrigada pela visita ao meu blog! :)

    Estou retribuindo a visita pelo convite que você fez em um comentário no meu blog. Gostei muito do seu blog, que é ótimo e tem artigos muito interessantes e, particularmente deste post, que foi muito bem escrito!

    Estou seguindo você a partir de agora!

    Aproveito e faço um convite para que seus leitores façam uma visita lá no meu blog também.

    Beijos.

    Carla.
    http://sonhodereflexao.blogspot.com/

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  7. Alê, Aline, Bia e Carla. Obrigado pelas vsitas e comentários. Espero encontrálas sempre por aqui.

    Ju, você tem razão, se tem m lugar onde este cenário esteja mais próximo de ocorrer na plenitude é aí no EUA.

    Anselmo, sai hoje aquele "V", né? Como voC~e disse, vai ficar uma ponte legal.

    Beijos e abraços

    Sandro

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  8. Pois é meus caros,
    e pensar que a liberdade de expressão está sendo atacada neste momento em nosso país, pois nosso presidente assina documentos sem ler.
    O sinistro Big Brother está rondando.
    Ótima postagem rapazes.
    Abraço.

    P.S.
    tendo um tempo passaem pelo endereço abaixo. é uma nova empreitada na blogsfera, la eu não sou o Big Clash. Aguardo a visita do Minerva Pop.

    http://daquidepitangui.blogspot.com/

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  9. Eu já li este livro há uns largos anos. Neste momento o meu filho está a ler o dito, vou aproveitar para reler ... Já agora se gostaram deste dentro do género recomendo Fahrenheit 451 de Ray Bradbury (também podem ver o filme de François Truffaut que é excelente, mas o livro é soberbo).

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  10. Fala Big Clash! Já dei um pulo lá. Não te identifiquei, então deixei um recado genérico. Boa sorte em mais essa!

    Fernando, não li Fahrenheit 451, apenas vi o filme, que eu adoro. Maravilhoso! Preciso até escrever sobre ele...

    Obrigado pela visitas!

    Abraços

    Sandro

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  11. Sandro,
    vi seu comentário e respondi.
    Valeu a visita.
    []ão.

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