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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

LULA, O FILHO DO BRASIL


Bom, quem acompanha o blog sabe que gosto muito de cinema brasileiro (posts aqui). Porém nunca fui fã do cineasta Fábio Barreto. Acho sua filmografia fraca e assim como os filmes de seu irmão, o Bruno Barreto, ele faz um tipo de cinema planejado para agradar a grandes públicos, com um apelo mais comercial, o que não me agrada. Provavelmente esta opção pelo chamado "cinemão" esteja na formação de seu pai, já que Luis Carlos Barreto é talvez o produtor de cinema mais influente do Brasil. O ápice na carreira do Fábio ocorreu em 1995, quando "O Quatrilho" chegou a ser indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Posto isso, eu tinha uma expectativa negativa quanto ao resultado cinematográfico de seu último filme, lançado no final de semana passado e que todos vocês devem ter ouvido falar, graças até a campanha publicitária que teve até chamada na TV. Falo sobre "Lula, o Filho do Brasil".

Assisti ao filme e me surpreendi. É sem dúvida um filme moldado para atingir grandes bilheterias, com uma pegada forte no melodrama, mas muito bem dirigido. Penso que trata-se do melhor trabalho da carreira do Fábio Barreto. Vale ressalar também o trabalho do estreante Rui Ricardo Dias (no papel de Lula) e de Glória Pires (no papel de Dona Lindu).

Quanto a história, essa é contada á partir do nascimento e parte da infância de Lula lá nos sertões de Pernambuco, passando pela trágica vinda para São Paulo (igual a outros milhares de nordestinos), o reeencontro com o pai em Santos, o resto de sua fase criança e adolescente ao lado dos irmãos e da mãe, o início de sua carreira como metalúrgico no ABC paulista, seu primeiro casamento e a morte da mulher e filho durante o parto, seu segundo casamento (uma história incrível) e por fim sua entrada no movimento sindical nos final dos anos 70, culminando com sua prisão pelo regime militar em 1979.

Não considero a obra como um filme político e nem um filme sobre política. É a filmagem de uma biografia que contem dramaticidade suficiente para gerar uma história que mereça ser contada, ainda mais quando todos sabem o destino deste retirante nordestino. É nítida, por exemplo, a opção de Barreto em priorizar o personagem de Dona Lindu (mãe de Lula, morta enquanto ele estava preso pelos milicos), ao invés da figura do sindicato. Também houve a preocupação de contar a história até o período que antecedeu a fundação do PT, que nem é citado no filme. Acho que este tom inclusive abre mais mercado internacional para o trabalho, qu eeu particularmente acho que será bem sucedido.

Enfim, é um filme que merece ser visto pela história, muito bem contada pelo Fábio Barreto. Na minha opinião é um filme que dá para curtir independente da preferência partidária de cada um, pois o foco está numa história de vida muito interessante. Pode até ser um filme chapa branca, como acusaram alguns, mas um filme chapa branca sobre o Lula produzido pela família Barreto em parceria com a Globo Filmes, soa bem estranho...

Agora para aqueles que estiverem interessados em assitir algo sobre o movimento sindical do ABC no final da década de 70, recomendo dois documentários. Um chama-se "Linha de Montagem", de Renato Tapajós, filmado entre 1979 e 1981 e lançado em 1982, sendo censurado na sequência e relançado somente em 2008 (disponível no You Tube). O outro é "Peões" de 2004, dirigido pelo premiado documentarista Eduardo Coutinho.
E ainda para aqueles que querem algo focado na política, a dica é "Entreatos", filmado sem censura durante 30 dias de 2002, mostra os bastidores da campanha presidencial de Lula naquele ano. Foi lançado nos cinemas em 2004 e é dirigido por João Moreira Salles. Estes assuntos não estão no centro de "Lula, o Filho do Brasil".


Sandro

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3 comentários:

  1. Oi Sandro.

    Estou retribuindo a sua visita ao meu Blog.
    Gostei muito do que vi por aqui também, e saber que gosta de cinema me fez acreditar que ainda teremos muitas "figurinas" para trocar.
    Confesso que também tive bastante receio desse filme, mas a sua defesa me encorajou a assistir.
    Tá aí uma meta para o meu final de semana.

    Abraço grande,

    CD.

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  2. Com certeza é uma grande história....vou conferir também....

    Anselmo

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  3. Valeu, CD.
    Também acho que vamos trocar figurinhas num futuro próximo.

    Sandro

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