De cara, algumas constatações a meu respeito.
Primeiro. Meu hábito (que já virou vício) em acessar a internet não é de longa data. Na verdade sempre fui um cara de parar pouco em casa e o computador não estava entre os meus passatempos preferidos. Minha relação mais próxima com a rede começou a rolar mesmo só em 2006.
Segundo. Nunca gostei de coisa "mainstream". Tinha um pé atrás com músicas que eram hits, filmes que eram sucesso de bilheteria e livros que viravam best sellers. Claro que pesa aí um certo preconceito em não reconhecer méritos na cultura de massa, que nada mais é do que o chamado pop. O tempo já se encarregou de flexibilizar esta minha linha de pensamento e hoje não tenho mais problemas com isso.
Terceiro. Sempre me considerei um cara muito bem informado, hoje com a facilidade da rede, antes através de publicações impressas que lia as pencas.
Citei os fatos acima, para dizer que em 2005 quando "O Doce Veneno do Escorpião" foi publicado pela editora Panda Books eu o comprei praticamente na semana de lançamento. Na época o sucesso que um blog sobre uma garota de programa chamada Bruna Surfistinha fazia na internet já era notícia em bastante lugar. Sem nunca ter entrado no referido site (nunca tinha visitado um blog), eu tinha certeza que o livro com a autobiografia da dona deste blog, a Raquel Pacheco deveria trazer histórias muito interessantes, visto a dificuldade da profissão e a série de passagens e pessoas que a mina deveria ter conhecido. O que eu não tinha a menor idéia é que a obra iria dentro de pouco tempo se tornar um best seller. "O Doce Veneno do Escorpião" vendeu mais de 250.000 cópias.
Quando o oba-oba começou eu já tinha lido e aprovado o livro, que superou e muito minhas expectativas. Literatura pop até o osso e bem escrito. A linguagem simples e a narrativa ágil, leve e despretensiosa fazem com que o leitor praticamente devore a obra.
No livro Raquel conta sua história de menina classe média alta, educada em bons colégios, mas sempre sob uma postura muito rígida de seus pais, que gerava problemas de relacionamento e frustração na então adolescente. Ela intercala estes momentos como Raquel com o nascimento da Bruna Surfistinha, nome de "guerra" batizado por sua primeira cafetina em São Paulo, no privê onde começou a se prostituir após fugir de casa 20 dias antes de completar 18 anos (era 2002). Esta troca de papeís e histórias é feita de maneira competente e flui muito bem, sem deixar cair o ritmo intenso que domina o livro.
Os relatos com suas experiências na vida "fácil" são absolutamente despudorados e cheios de detalhes, capazes de constranger os puritanos ou pudicos de plantão. Mais ou menos na metade do livro, Raquel nos conta como nasceu a idéia de criar um blog na internet. Em dezembro de 2003 ela já tinha comprado um computador e tornara-se uma internauta. Solitária, um dia tentou procurar por blogs escritos por garotas de programa como ela, para ver com era a vida de outras meninas com a mesma profissão. Não achou nada. Em nenhum lugar. Decidiu então montar o seu próprio e começou a escrever para valer no começo de 2004. Além de contar um pouco de sua vida, o blog foi sendo direcionado para relatar diariamente todos os programas que Bruna fazia. Preservando a privacidade dos clientes, ela escrevia sobre o que havia feito com cada um, dados físicos das pessoas envolvidas e se ela tinha gostado ou não. Ela até criou cotações para a coisa, classificando em: transa mecânica, namoradinho e putaria.
Bom, a mina bombou na rede e alcançou o segundo lugar no iBest em pouco tempo. Ganhou repercussão e a oportunidade de escrever o livro. Fora isso, como ela mesma conta no final, o trabalho trouxe um namorado que a fez aposentar-se e deixar a profissão.
Sei que a Raquel publicou ainda mais dois livros, chamados "O que Aprendi com Bruna Surfistinha" (de 2006) e "Na Cama com Bruna Surfistinha" (de 2007). Não li nenhum dos dois, confesso que achei que seria mais do mesmo, sem o impacto dos picantes relatos da profissional do sexo descritos no primeiro livro. Podem ser bons, mas eu não conheço.
Este ano terminaram as gravações de "Bruna Surfistinha - O Filme", dirigido por Marcus Baldini. Um pouco mais sobre quem está no filme você lê no post anterior (aqui). Ela ainda mantém um blog no Uol que vale a visita (link aqui).
Em tempo, devo dizer que eu já queria ter escrito sobre este livro faz algum tempo, mas agora que a garota vai voltar a ficar falada, vale a pena lembrar onde tudo começou. Admiro-a por ter estourado com um blog na internet em tempos bem diferentes dos de hoje e partindo como total desconhecida. Fora o fato da coragem de sua exposição pública.
Recomendo o livro, que serve como um bom entretenimento tocando num assunto tabu, mas que interessa a quase todos.
PS: As últimas 30 páginas do livro (todas em preto) no capítulo intitulado de As histótias proibidas de Bruna Surfistinha são sensacionais.
Sandro
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Conhecia a menina apenas de nome. Parece ser de atitude e ter casos interessantes para contar. Acho que vou conferir este filme...
ResponderExcluirBjs
Danny
Muito bom Sandro, não cheguei a ler o livro, porem li em algumas materias que a Debora está detonando no filme....
ResponderExcluirAnselmo
Anselmo que nome lindo...:(
ResponderExcluirAté o da minha avó é melhor...