A dica que eu vou deixar aqui é "O Coração das Trevas" de Joseph Conrad, publicado em 1902.
O escritor polonês naturalizado britânico é tido por muitos como um dos maiores autores da lingua inglesa em todos os tempos. Mas não chega a ser uma unanimidade e nem é tão badalado como outros escritores que também influenciaram gerações.
Conrad trabalhou por quase 20 anos como marinheiro e usou muito de suas experiências na construção das histórias. Muitas delas inclusive tiveram o mar como pano de fundo, mas o que eu mais admiro nele é a profundidade de seus personagens.
Em "O Coração das Trevas" viajamos na companhia do marinheiro Marley que numa jornada rio adentro do coração da África vai em busca do atormentado e misterioso Kurtz enquanto se depara tanto com a barbárie praticada pelo colonizadores europeus (que deveriam representar a civilização) quanto pelos nativos africanos (que seriam os primitivos indefesos).
Quanto mais longe chega o barco, mais ficamos perto de descobrir os mistérios da "lenda" Kurz. Tudo narrado de forma densa e profunda cujo aspecto principal reside nas cosntantes reflexões dos personagens a respeito dos nossos valores e dos desvios inerentes a natureza humana. Uma viagem interna mais intensa do que a física que se passa no meio do nada. Não há ninguém totalmente bondoso e não há ninguém totalmente maldoso.
Esta obra-prima merece ser lida. E não pensem que trata-se de uma narrativa pesada e cansativa. Nada disso. O livro traz prazer e cativa facilmente o leitor.
Se você gostar, recomendo outras obras de Conrad que também são referência: "Lord Jim" de 1900, "Nostromo" de 1904 (considerada por especialistas como seu melhor texto) e "Os Duelistas" de 1908 (que muitos anos depois viraria filme nas mãos de Ridley Scott).
Para fechar, uma informação adicional e de fundamental importância. Em 1979 "O Coração das Trevas" foi adaptado para o cinema pelo excelente Francis Ford Coppola. Esta adaptação gerou outra obra-prima, desta vez cinematográfica, chamada "Apocalipse Now". Copolla teve a manha de mudar o cenário da história para a Guerra do Vietnã. O filme, um de meus preferidos, merece post específico que eu prometo para um futuro próximo.
"O Horror! O Horror!"
Sandro
Não li o livro,mas sou grande fã do filme. É uma dívida que tenho comigo mesma e que preciso pagar. Boa dica Sandro.
ResponderExcluirBj
Adriana
Boa Sandro, tem tambem a versao pra TV com Tim Roth e John Malkovich de Heart of Darkness que é bem legal, de 1993!
ResponderExcluir“Desembarcar num pântano, marchar pelos bosques e, nalgum posto do interior, sentir que a barbárie, se fechou ao seu redor – toda aquela vida misteriosa do deserto que pulula na floresta, nas selvas, no coração de homens selvagens”
ResponderExcluirEsse como dois outros clássicos marcaram a minha história. E o mais louco é que quando você lê isso pela primeira vez (15) nem faz idéia do que se trata - talvez quinze anos depois você possa entender algo.
A pura viagem ao desconhecido, a descrição sobre a navegação dentro do Rio é extraordinária, a violência, o desespero os tiros a esmo, o sobe e desce de soldados - África o continente sombrio aonde o verde se perde e com ouro branco se enriquece.
“A melhor maneira que posso explicar isso a vocês é dizendo que, por um segundo ou dois, senti como se, em vez de estar indo para o centro de um continente, estava de partida para o centro da Terra”
Um livro como esse jamais será visto, nem o maior orçamento poderá criar as cenas que você passa a passo vai construindo ao adentrar rio acima, o silêncio ensurdecedor as feras a espreita, os insetos que se multiplicam como o calor.
“Vi o demônio da violência, e o demônio da cobiça e o demônio do desejo ardente; mas, por todos os astros! Aqueles eram demônios fortes, vigorosos, de olhos injetados, dominando e conduzindo homens – homens, estou dizendo”
O filme do Coppola é magistral é lisérgico, mas não consegue entrar na escuridão daquele jeito, no terror e mais puro terror.
“Nenhum medo consegue se sobrepor a fome, nenhuma paciência pode saciá-la; a aversão simplesmente não existe onde há fome: e, quando a superstição, crenças e o que vocês podem chamar de princípios, eles valem menos que palhiço ao vento”
Partindo para o lado musical existe uma excelente banda de hardcore Fall Silent que tem um álbum de 99 Superstructure que é recheado de vinhetas das falas do Apocalipse Now para quem gosta do estilo recomendo.
Salut
Provos Brasil
Obrigado pela visita, Adriana! Como você pode perceber pelo entusiasmos do noso brother Provos, o livro é essencial. Pague esta dívida, que vale a pena.
ResponderExcluirProvos, valeu pelo comentário com trechos bacanas da obra, que trouxe mais informações ao leitores do blog. Volte sempre!
O Anselmo, eu sei que é fã do livro faz tempo. Já conversamos bastante a respeito.
Abraços
Sandro
por favor me socorram eu preciso urgente dos principais personagens do livro suas caracteristicas eu so tenho 1 dia pra fazer socorroooooooooooooooooooooooooooooo
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