Sempre tive vontade de ler Irvine Welsh. Na verdade, para mim era quase como se eu tivesse a obrigação de ler ao menos um livro deste cultuado escritor, que iniciou a carreira logo de cara com um clássico dos anos 90, Trainspotting (só vi o filme).
Assim como Nick Hornby (vou falar muito dele ainda neste blog) o cara é praticamente uma referência quando se pensa na chamada literatura pop. São livros que trazem como característica narrativa dramas essencialmente urbanos, com uma linguagem muito atual e antenada aos dias de hoje.
Pois bem. Ontem eu terminei de ler "As Revelações Picantes dos Grandes Chefs". Tenho que admitir que o título não atrai muito e que eu comprei o livro mais pela "dívida" citada acima. Mas o negócio é bom! Muito bom!
Apesar do nome do livro sugerir uma trama baseada na gastronomia, o que temos é a deliciosa história de um inspetor sanitário chamado Danny Skinner cuja vida é regada a visitas diárias de bar em bar na cidade de Edimburgo com muita bebida e drogas. O cara ainda é briguento e tem uma sorte imensa com as mulheres. Este estilo está nitidamente atrapalhando Danny em sua vida profissional e amorosa. Para completar ele entra na encanação de descobrir quem era seu pai, fato escondido a sete chaves por sua mãe (uma ex-punk), enquanto cai sua ficha de que ele realmente se tornou um alcólotra.
Como antagonista nesta trama, está o introvertido Kibby, rapaz que aos 21 anos ainda é virgem e tem como principais baladas congressos de Star Trek, passeios na montanha e brincar com sua ferrovia em miniatura. É o típico "criado com os avós" com se diria aqui no Brasil. Tem ainda o fato dele perder seu pai doente logo no início da história.
O bicho começa a pegar quando Kibby entra para trabalhar na mesma repartição de Skinner, que sem uma explicação lógica começa a detestar o garoto. Porém este sentimento de repulsa passa para o ódio completo quando os dois passam a disputar uma vaga de chefe do departamento. Numa noite de bebedeira, sem perceber, só com o poder de seus pensamentos negativos, Skinner lança um feitiço em Kibby.
O próprio Skinner demora para atentar que isso aconteceu, mas o que ocorre é que a partir de então, o pobre garoto que nunca havia bebido, passa a sentir todos os efeitos colaterais das pesadas baladas de Skinner.
Quando o cara percebe isso, se vê indestrutível e aí é que ele enfia o pé na jaca mesmo. Dá-se uma sequencia de experiências abusivas com alcool, drogas e sexo. A vida de Kibby começa a ser destruida.
Muito tempo depois, Kibby saca isso e aí o desfecho é sensacional.
E o nome do livro? Onde entra? É apenas um pano de fundo na procura de Skinner por seu pai, além do fato de que grande parte das situações do livro ocorrem em restaurantes ou bares (muitos bares).
Enfim, é um livro saboroso, fácil de ler, sem a necessidade de muita concentração e que pode ter suas 427 páginas degustadas num curto espaço de tempo. Recomendo.
Sandro