Essa matéria era pra ter saído no sábado (dia do centenário de Noel), mas por motivos superiores a minha vontade não foi possível, mas isso não será um impecílio para comentarmos hoje sobre o centenário de um dos maiores artistas brasileiros, Noel Rosa.
Criado no bairro Carioca de Vila Isabel, por Manuel Garcia de Medeiros Rosa e Martha de Medeiros Rosa, a trajetória de Noel de Medeiros Rosa (11 de Dezembro de 1937) foi acompanhada de situações inusitadas e específicas relacionadas por sua saúde. A começar pelo parto difícil, o que exigiu que o médico usasse um fórceps para salvar a vida do bebê e de sua mãe. Também nasceu com problema de desenvolvimento da mandíbula (sindrome de Pierre-Robin), o que lhe proporcionou uma fisionomia peculiar.
Da classe média, o estudante do Colégio São Bento, desde cedo tomou gosto pela música onde aprendeu bandolim, violão e iniciou sua saga pela boemia carioca, o que ocasionou sua desistência da Faculdade de Medicina e a criação de alguns grupos musicais, dentre eles o Bando de Tangarás (com João de Barro, o Braguinha).
A partir de 1929 começou a apresentar seus primeiros sambas, onde foi responsável pelas próprias gravações. No ano seguinte conseguiu emplacar seu primeiro sucesso “Com que Roupa?”. A partir daí iniciou uma competição poética com seu rival Wilson Batista, com os compositores se atacando mutuamente em sambas com muito bom humor.
A sua vida efetiva foi marcada por várias namoradas e relações amorosas perigosas, e foi em 1934 que casou-se com Lindaura Medeiros Rosa. No entanto, Noel era apaixonado pela prostituta do bairro da Lapa, Juraci Correia de Araújo (Ceci), sua amante e musa inspiradora pelo samba “Dama do Cabaré”.
A vida boemia de Noel não lhe trouxe só alegrias, foi responsável também pela tuberculose, doença com a qual lutou até o fim da vida. Mudou-se para Belo Horizonte onde trabalhou na Radio Mineira com compositores como Rômulo Pais. Em Minas Gerais, Lindaura sofreu aborto, e a partir daí, não pode mais ter filhos.
Noel então decidiu voltar ao Rio de Janeiro, onde faleceu em 1937, aos 26 anos, em decorrência da tuberculose. Lindaura e sua mãe, dona Martha, cuidaram de Noel até o último instante.
Apesar de nos deixar com tão pouca idade, sua obra é fonte de inspiração para vários artistas, de vários segmentos. No cinema: “Noel - Poeta da Vila” de 2006, dirigido por Ricardo van Steen. No Teatro: “O Poeta da Vila e Seus Amores”, de Plínio Marcos.
Duas obras fonográficas que gostaria de destacar pelos arranjos refinados e qualidade musical impecável a produção de 1997 (pela gravadora Velas): “Viva Noel – Tributo a Noel Rosa”, Caixa com 3 cd´s, com Ivan Lins revisitando 40 canções do sambista. E “Poeta da Cidade” – Martinho Canta Noel (2010): Onde um dos ícones de Vila Isabel homenageia seu ídolo.
Literatura: livro “Noel Rosa: O Poeta do Samba e da Cidade” (ed. Casa da Palavra), de André Diniz, vem com CD de músicas de Noel gravadas por Alfredo DelPenho, Carlos Didier e Soraya Ravenle. Temos também a biografia definitiva de Noel Rosa, escrita por João Máximo e Carlos Didier, que está esgotada nas livrarias, e devido uma disputa judicial entre os herdeiros impede novas edições.
Claro que devido a nossa “linhagem rocker” ,que sempre seguimos em nossa vida musical, deve haver algum ponto no “post” que merece uma revisão ou um complemento. Porém, apesar de tudo, e como brasileiros, não poderiamos deixar de citar o centenário de Noel Rosa.
Anselmo
O único Noel em que vale a pena acreditar!!
ResponderExcluirbjs.