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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O BANDIDO DA LUZ VERMELHA - UM FAROESTE SOBRE O TERCEIRO MUNDO


O post de hoje é sobre um filme difícil. Indicado para quem quer sair do convencional e experimentar uma narrativa bem diferente do que se vê por aí.

Falo de "O Bandido da Luz Vermelha" de Rogério Sganzerla. O filme de 1968, foi o primeiro do polêmico cineasta paulista que ficou conhecido por cunhar o rótulo cinema marginal, num contra-ponto ao chamado cinema novo, que era a referência do Brasil naquela época.

Tido por muitos como um visionário e um homem a frente de seu tempo, Sganzerla, tinha apenas 22 anos quando realizou o filme, que foi sua primeira experiência cinematográfica com um longa-metragem (antes disso ele era crítico de cinema do Estadão). Apesar de ser um filme do underground, "O Bandido" teve uma boa aceitação de público e fez uma bilheteria razoável. Também ganhou alguns prêmios e posteriormente foi reconhecido como uma obra relevante, não só aqui no Brasil.

O argumento original foi escrito por Sganzerla quando estava na Europa e contava a história de um bandido que aterrorizava uma cidade com seus assaltos e assassinatos. Chegando ao Brasil, ele se deparou com a história real de João Acácio Pereira da Costa, conhecido como Luz Vermelha (sempre usava uma lanterna vermelha em seus crimes) que estava assaltando diversas casas pessoas ricas em São Paulo.

A partir daí, Sganzerla fez um mix entre seu personagem original com o bandido real. O resultado foi um louco que ao longo do filme se questiona frequentemente se é um gênio ou uma besta. Um bandido que ao mesmo tempo que estupra ou mata algumas de suas vítimas, era gentil e conversava numa boa com outras. Coisa de psicopata.

Nitidamente influenciado pelo cineasta norte-americano Orson Welles, Sganzerla utiliza-se de uma linguagem para contar o filme através da imprensa. Porém, diferente de "Cidadão Kane", aqui ele usa dois locutores de rádio sensacionalistas, que participam do filme todo. É inovador, mas chega até a ser meio chato as vezes.

Este grande cineasta teve depois uma bela carreira cinematográfica, mas sempre a margem do suceso comercial, apesar do reconhecimento de seu talento pelo meio e pela crítica. Rogério Sganzerla morreu em janeiro de 2004.

Abaixo, juntando tudo de bom num mesmo lugar, ouvimos a banda paulista Ira! com a música "Rubro Zorro" (escrita em homenagem ao cineasta e ao filme) num vídeo com cenas do filme.

"O Terceiro mundo vai explodir! Quem tiver de sapato, não sobra! Não pode sobrar!"


Sandro




Um comentário:

  1. Sempre ouvi falar desse filme mas nunca tive a oportunidade de assirtir...acho que chegou a hora!

    Anselmo

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